*Por Michel Labaki, Engenheiro e membro do Núcleo Palestina PT
A Guerra Civil Espanhola, de 1.936 a 1.939, foi iniciada através de um golpe militar liderado por Francisco Franco.
A República Espanhola resistiu ao golpe e se iniciou uma Guerra Civil, que durou cerca de 3 anos, e a República foi derrotada.
Os chamados Nacionalistas, liderados por Franco, que incluíam monarquistas, fascistas e conservadores, venceram a Guerra Civil e a Espanha viveu a partir daí sob uma ditadura que durou cerca de 36 anos, até 1.975, quando foi restaurada a democracia.
Durante a Guerra Civil Espanhola, houve um apoio popular â República em vários países do mundo. Este apoio mobilizou cerca de 40.000 voluntários que foram lutar ao lado da República formando as BRIGADAS INTERNACIONAIS!
Havia franceses, alemães, soviéticos, ingleses, diversas outras nacionalidades, inclusive brasileiros que se engajaram nesta luta. Estima-se que cerca de 10.000 brigadistas morreram na Guerra Civil.
O massacre de Israel em Gaza está provocando no mundo um movimento que se assemelha às BRIGADAS INTERNACIONAIS da Guerra Civil Espanhola, no sentido de ser um movimento com diversas nacionalidades e ideologias.
NÃO É UM ENGAJAMENTO ARMADO, MAS UM ENGAJAMENTO POLÍTICO E HUMANITÁRIO!
Diversas embarcações estão saindo dos portos da Espanha, Tunísia e da Itália e a previsão é de que a flotilha, frota de embarcações semelhantes, chegue à região de Gaza por volta de 21 de setembro.
Pelo que se sabe há pessoas de 44 países nessas embarcações, inclusive brasileiros. Há voluntários integrantes da Global Sumud Flotilha.
Entre os tripulantes, estão a ativista sueca Greta Thunberg, o diretor da Coalizão Flotilha da Liberdade Thiago Ávila, a euro deputada francesa Rima Hassan, a deputada federal Luizianne Lins e muitos outras pessoas. O apoio político a essa iniciativa é muito grande e independe de ideologias ou partidos políticos. Podemos dizer que é uma grande frente internacional, multipartidária e humanitária.
Por que se formou esse movimento?
Por causa da extrema violência contra a população civil em Gaza, estima-se que mais de 60 mil pessoas foram assassinadas em Gaza sendo que 18 mil vítimas eram menores de idade.
O objetivo do movimento é quebrar politicamente o cerco que está sendo imposto na Palestina, principalmente em Gaza, por parte de Israel.
Diferente das Brigadas Internacionais na Guerra Civil Espanhola, que se engajaram militarmente a favor da República, o objetivo da Flotilha é essencialmente humanitário e político.
A flotilha transporta suprimentos básicos, como alimentos, kits médicos e equipamentos de dessalinização, para aliviar a crise enfrentada pela população palestina. Mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão passando fome, devido a destruição de cidades, habitações, instalações, resultando em inanição generalizada, miséria e mortes.
Sobre os riscos que estão correndo, os ativistas não escondem a apreensão:
“- A gente sente medo, sim, obviamente. A gente fica muito preocupado com a integridade física nossa e de todos os companheiros que estão participando da missão”.
A motivação para a organização da Flotilha foi a indignação com a situação do genocídio na Palestina e com o cerco que foi anunciado por Israel, que quer deixar sem comida, sem água e sem suprimentos essenciais os palestinos.
Os objetivos do movimento são quebrar politicamente e não militarmente, o cerco que está sendo imposto na Palestina, principalmente a Gaza, por parte de Israel, e com isso, conscientizar os povos do mundo de que não se pode aceitar o genocídio, mesmo que não seja no nosso país. Não se pode aceitar que se escolha matar milhares de pessoas, assassinar deliberadamente um povo inteiro, sem sofrer nenhum tipo de consequências por isso.
Qual será a reação de Israel com relação à Flotilha da Liberdade?
A pressão internacional para que não haja reação militar de Israel será intensa.
O atual governo de Israel não tem limites no massacre ao povo palestino.
Terá limites com ativistas de 44 países?
Esperemos que sim!
Daqui há duas semanas saberemos!
Michel Labaki
02/09/2025
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